quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Socoooorrrrooooo!!!! Meu cachorro é um problema!

         Seus problemas acabaram! Aqui estamos nós para salvá-lo de seu cão e devolver-lhe a vida sossegada que você tinha antes dele. Devolver-lhe a possibilidade de sair pra balada sem ter que se preocupar se ele vai chorar!

        Bom, se você realmente espera esse tipo de resultado ou acredita que qualquer profissional possa realizar esse desejo e, o mais importante, se você TEM esse desejo afirmamos: você realmente não deve ter um cão (ou no máximo um de pelúcia, considere isso). Volte lá nos primeiros posts e reveja seus conceitos, necessidades e objetivos em relação a ele, pois ninguém mais pode resolver seus problemas senão você mesmo. E tem mais um detalhe, não é o cão que é um problema, mas a relação entre vocês, portanto a solução deverá partir do conjunto e não de um terceiro estranho que chega na sua casa vendendo soluções milagrosas.

        Nós da Bicho garantimos resultado APENAS para o guardião que se envolve integralmente na solução de seus probleminhas com o cão, para aquele que se interessa e realmente aprende a ser educador dele e que se proponha a se educar.

        Depois dessa introdução eu confesso que seria muito complicado eu dizer aqui o que fazer, pois isso depende de muitas variáveis. Mesmo para um problema igual em dois lares diferentes é possível chegarmos a dois métodos distintos de treinamento. Algumas variáveis:
        - temperamento do cão: não é possível tratar um medroso submisso da mesma forma que tratamos um dominante corajoso para exemplificar com os dois extremos.
        - temperamento do guardião: presenciei vários casos em que o guardião era incapaz de realizar o treinamento que eu propunha simplesmente porque aquela atitude feria mais a ele mesmo que ao cão. Por isso a relação entre o instrutor de comportamento e o guardião deve ser de sinceridade e compreensão e nunca de imposições e cobrança. Não fez o treinamento, simplesmente conte, pois sabemos que a vida é corrida... "Confessar" as falhas nos ajuda a procurar soluções pra elas. E não é querendo contar vantagem, mas observando alguns detalhes na pessoa que nos chama é possível saber se teremos aí um aliado ou não.
        Também não quer dizer que se a pessoa não consegue de cara treinar de forma correta que ela não conseguirá nunca. Com empenho e vontade somos capazes de tudo!
        - espaço físico do ambiente em que vive o cão.
        - tempo que o guardião tem para o cão.
        - quantas pessoas vivem com o cão.
        Pra citar as principais apenas.

        Como não é possível dizer aqui o que fazer, pensei em escrever o que EVITAR.

        1) Conferir ao cão sentimentos humanos: raiva, ódio, vingança, ciúme, etc. Cães vivem segundo padrões caninos e nossos sentimentos dizem respeito a padrões humanos. Não vou afirmar categoricamente que os cães não sentem isso, mas também não posso afirmar que sentem. Então é melhor entender o cão que ficar criando suposições. Ler livros como o da Victoria Stilwell, "Ou eu ou o Cachorro" ajuda a entender o mundo canino. Retirando esse padrão de pensamento da relação já ajuda a resolver alguns problemas sem chamar um profissional, pois é muito diferente, frente a uma situação de stress, pensarmos que o cão destruiu nosso celular por vingança e pensarmos que não deixamos um brinquedo adequado para ele morder, já que está trocando os dentes e PRECISA disso (em um momento oportuno explicarei o "brinquedo adequado").

                                     

        2) Tratar um cão como humano: dar banho com shampoos com odor, passar perfumes (o olfato dos cães é muito sensível, cuidado com isso. É contra o bem-estar dele), pintar as unhas, remover cirurgicamente cordas vocais, glândulas ad-anais (responsável pelo cheirinho de cachorro), comprar camas fofas e macias, colocar sapatos e evitar que se sujem. CÃES NÃO SÃO PESSOAS! Suplico que reveja os comportamentos que você impõe ao seu cão e volto a falar daquela bolsa-cão que postei anteriormente: os cães não vão mais pisar no chão da rua e farejar??? Isso é matar um cão em vida, sem dramatização, pois é a pura verdade. Mesmo nós humanos, já nos distanciamos por demais da vida que deveríamos levar e muitas vezes essa é a razão de tanta depressão, tristeza e sentimento de solidão em meio à multidão. Como seria demais pedir para as pessoas reverem seus hábitos, ao menos peço, suplico, rogo que não imponham o mesmo hábito aos cães (ou qualquer outro animal de estimação). Cães PRECISAM E DEVEM desenvolver suas necessidades naturais das quais podemos citar algumas: farejar, caçar, cavar, rolar na grama, pisar na terra, comer "matinho", "cumprimentar" os amigos (aquela cheiradinha no bumbum), correr, brincar. Se ele é impedido de fazer tais coisas, pense que você está matando o cão que tem e verifique se ele não possui problemas de pele, ansiedade, ou é estressado. Tratamento nenhum irá curar o seu cão, pois a doença dele é devido à privação e somente adequando seu modo de vida, isto é, permitindo que ele seja um cão, é que o organismo dele resolverá esses problemas ou boa parte deles.

        3) Tratar o cão como bebê: achar que ele precisa que você dê comidinha na boca. Que ele não pode roer um osso senão vai se engasgar, que não consegue fazer as coisas sozinho, ou seja, inutilizar o cão. Cães não são bebês e sim eternas crianças (de 7 anos mais ou menos). O que crianças precisam: supervisão, limites claros, saber obedecer e respeitar. Claro que você não vai descuidar se já sabe que seu cão engole tudo que vê pela frente, mas aí estamos falando de um caso específico de problema de saúde.

        4) Tratar o cão como peça de mobília: vamos falar do oposto. Cães precisam de atenção e de vida em grupo, então não é possível ter um cão saudável se ele passa 99% da vida dele sozinho no quintal amarrado a uma corrente. Eles não sobrevivem saudavelmente apenas se comerem e beberem e tiverem um lugar seco e protegido pra dormir. Nem plantas sobrevivem assim. A atenção, companheirismo, confiança, são necessários, pois cães são animais gregários (que vivem em grupo) e com hierarquia definida. Devemos proporcionar isso a eles. Quanto mais se isola um cão, mais ficará distante a possibilidade de trazê-lo para perto tamanha a ansiedade que esses animais desenvolvem. É o tipo do animal que quando é solto parece o diabo da Tasmânia...

        5) Tratar o cão como escravo: achar que o cão é menos que você e submetê-lo à força, além de perigoso, só afeta sua relação com ele e dele com sua família. É possível ter um cão obediente sem usar um pingo de força bruta ou violência. Numa matilha os cães evitam se machucar, pois isso prejudicaria o grupo inteiro: o cheiro de sangue seria notado por predadores, a falta de um componente num embate de defesa é sentida, o deslocamento seria vagaroso. Portanto a violência não faz parte do repertório deles, mas pode ser aprendido com facilidade, então se seu cão lhe agride, pense primeiro o que você vem ensinando a ele.

        Um cão que vivem num ambiente de companheirismo, respeito e amor, terá muito mais chance de ser saudável fisica e psicologicamente.

                                        

         Ui! Escrevi demais!!!
        Vamos caminhando! Penso em postar algumas coisas sobre problemas mais comuns! Participem, pois havendo dúvidas fica bem tranquilo escrever!

2 comentários:

  1. Adorei! Humanizar os cães é o pior podemos fazer a eles... Tenho visto tantos cães cheios de "mimos" mas com problemas comportamentais que seriam facilmente evitados se as necessidades básicas e efetivas dos amigos de quatro patas fossem atendidas... Parabéns! Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Cássia!
    Problemas comportamentais e até de saúde!
    Stress crônico é bem prejudicial à saúde!
    Beijos!

    ResponderExcluir

Deixe aqui sua contribuição, por favor.